Sunday, June 22, 2008

St. António de Lisboa

O casamenteiro dos alfacinhas

Disputado por Pádua e por Lisboa, o Doutor da Igreja, como foi reconhecido pelo Papa Pio XII, transformou-se no santo mais popular da capital portuguesa, figurando ao lado do patrono oficial da cidade, S. Vicente. Conhecido em Itália apenas como O Santo, para os portugueses e muito especialmente para os alfacinhas, ele é o Santo António de Lisboa, vulgo o santo casamenteiro. Protector dos namorados e conciliador de arrufos, é sob a sua benção que, este ano, uma vez mais, 16 casais vão dar o nó, nos Casamentos de Santo António.



Santo António é, sem dúvida, um símbolo fantástico do coração do povo. Não se sabe bem porquê, mas o certo é que o franciscano se tornou para as gentes portuguesas num milagreiro infalível, “uma espécie de remédio para tudo”, conforme o caracterizou o conhecido olisipógrafo Appio Sottomayor, numa das muitas crónicas que publicou no nosso jornal sobre o mais popular dos santos populares.

O mais popular

E então os lisboetas, esses, entronizaram o santo, na verdadeira acepção da palavra, e colocaram-no em nichos um pouco por todo o bairro da Sé, onde Fernando/António nasceu há 804 anos. Isto para não falar mesmo dos tronos de Santo António, que se espalham pelos portais das estreitas ruelas da Sé, do Castelo e de Alfama, durante as festas populares da cidade, qual deles o mais rico e o mais sui generis, e que constituem um tributo ao santo da cidade.

“Um tostãozinho pró Santo António!”

Fernando Martins de Bulhões, nascido em Lisboa em 1195, a dois passos da catedral, onde foi baptizado, passou a maior parte da sua curta vida na capital portuguesa - morreria em Pádua com 36 anos -, tendo aqui estudado e sido ordenado.
Canonizado um ano depois da sua morte, reza a lenda que o povo quis mostrar, desde logo, a Santo António a sua imensa devoção, mandando construir uma capela no lugar da sua casa natal.
O rei D. João II, já no século XV, determinou que fosse construída nesse mesmo local uma igreja, a qual viria a ser totalmente destruída aquando do terramoto de 1755.
à sua reconstrução foi financiada por subscrição pública e, por isso, as crianças da cidade montaram pequenas bancas na rua com uma imagem do franciscano, pedindo “um tostãozinho pró Santo António!”, uma tradição que ainda hoje perdura, por altura do dia 13 de Junho, data em que o patrono de Lisboa morreu.
A igreja que se ergue ao lado da Sé foi construída, no século XVIII, a partir de um projecto do arquitecto Mateus Vicente.

(Edite Esteves, Jornal A Capital, 2 de Abril de 1999)
Santo António

O Santo de Lisboa
Para falar verdade, o santo padroeiro de Lisboa é São Vicente. Mas, no coração dos lisboetas, é Santo António quem mais ordena. Ele é o santo casamenteiro, sempre associado à cidade que o viu nascer. Que importa, afinal, se passou os últimos anos da sua vida em Pádua. Para nós, Santo António... é o Santo de Lisboa.
De Lisboa ou de Pádua, é por excelência o Santo "milagreiro", "casamenteiro", do "responso" e do Menino Jesus. Padroeiro dos pobres é invocado também para o encontro de objetos perdidos. Sobre seu túmulo, em Pádua, foi construída a basílica a ele dedicada.
Em Lisboa, existem a Igreja e o Museu de Santo António, no local onde se acredita que o santo nasceu.

Festas e tradições



O mês de Junho é, em Portugal, o mês dos Santos Populares. S. João, S. Pedro e, claro, S. António, em Lisboa. A 13 de Junho, a cidade pára. Na véspera, a cidade dançou, divertiu-se, leu pregões, cheirou mangericos, comeu sardinha assada.
Lisboa orgulha-se do seu santo e da tradição. São os bairros mais populares os que mais importância dão ao seu santo. É aí que a velha Olissipo se afirma, que a tradição enobrece.
O castelo e Alfama vestem-se para receber o Santo, entre marchas e fitas coloridas.
Nos largos onde desembocam as pequenas vielas e as íngremes escadarias, nascem esplanadas com sardinha assada, fitas coloridas e música de arraial. É um dos lados mais pitorescos de Lisboa, à noite, onde velhos e novos se juntam em alegre paródia. Os primeiros brindando à tradição; os segundos, porque qualquer razão é boa para brindar e dançar.

In http://www.cm-lisboa.pt

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