Tempo. Previsão de temperaturas negativas até ao fim da semana eleva alertas da Saúde e da Protecção Civil. Mas Portugal continua sem estar preparado para dar resposta a fenómenos extremos, como muito frio ou muito calor
Escolas e hospitais ainda estão mal preparados
Portugal não está preparado para o frio. Com a chegada das temperaturas baixas - que hoje podem atingir os seis graus negativos na Guarda e os zero amanhã em Lisboa - esgotaram aquecedores em lojas como o El Corte Inglés. No interior do País já havia esperas de 15 dias para comprar gasóleo para aquecimento, enquanto os comerciantes de lenha não tinham mãos a medir. Apesar das melhorias dos últimos anos, muitos edifícios permanecem sem conforto térmico e continua a passar-se frio nas escolas, hospitais e organismos públicos.
O frio e as temperaturas negativas manter-se-ão até ao fim de semana, afirmam os meteorologistas, aproveitando para sublinhar a normalidade dos valores nesta época do ano. A neve não deverá cair em locais inesperados, como aconteceu na capital há dois e três anos, mas apenas acima dos 500 metros de altura. Mesmo assim, em Lisboa a máxima ficar-se-á pelos nove graus, o que já levou a autarquia a accionar o plano de emergência para os sem abrigo.
Em alerta laranja estará o distrito de Braga, onde os riscos associados ao frio são considerados elevados. Os restantes distritos ficam-se pelo nível de alerta amarelo.
A preocupação com o frio levou a Direcção-geral de Saúde (DGS) a fazer recomendações às autarquias, administrações regionais de saúde e organismos de apoio social. "Reagimos pior ao frio do que ao calor. Por isso lançámos o alerta para as entidades estarem atentas, aconselharem as pessoas e esclarecem as dúvidas", disse ao DN Paulo Diegues, da Divisão de Saúde Ambiental.
O facto de não se prever vento atenuará o desconforto térmico mas, mesmo assim, os doentes crónicos, com problemas respiratórios e cardíacos devem redobrar os cuidados, acrescenta Paulo Diegues.
Adequar a temperatura do corpo ao ambiente, agasalhando-se convenientemente, e ter atenção às alterações bruscas do calor para o frio , são conselhos das autoridades da saúde, que aproveitam para desmistificar ideias como a de que "beber bebidas alcoólicas aquece". As dúvidas devem ser esclarecidas através da Linha de Saúde 24.
Climatização deficiente
Nos edifícios públicos, como escolas e hospitais, continuam a existir graves problemas térmicos. Em 2007, um estudo elaborado pela Deco junto de 20 estabelecimentos de ensino demonstrava que em muitas salas ainda se passava frio. Baixas temperaturas que obrigavam alunos e professores a estar de casaco e luvas vestidas, humidade excessiva no ar e aquecimento desadequado foram situações detectadas, num cenário que causou "incómodos" no Ministério da Educação, diz a Deco. A requalificação em curso do parque escolar tem permitido melhorar a situação.
Nos hospitais, também houve investimentos nos sistemas de climatização, para ajudar a atenuar o frio mas também o calor, diz Paulo Diegues. Mas continuam a surgir reclamações onde os utentes também referem correntes de ar ou mudanças bruscas de temperatura entre salas do mesmo hospital, diz Rita Pinho Rodrigues, da Deco.
A construção das habitações também deixa muito a desejar, apesar das melhorias que advêm da imposição das novas regras de eficiência energética, já aplicáveis a todos os edifícios. Neste sector, a exigência tem vindo a ser cada vez maior.
in DN Online
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